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Engenheiro químico busca indenização de empresa em Guarujá ao descobrir câncer

Justiça reconheceu que a doença foi decorrente da exposição aos produtos químicos

O número de casos de câncer no Brasil é preocupante. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o País registra, anualmente, quase 630 mil novos casos da doença e os motivos são os mais variados, podendo ser por condições genéticas ou fatores externos.

Uma das causas pode ser advinda da exposição a substâncias químicas. Foi o que aconteceu com o engenheiro químico Fábio Gonzalez, de 49 anos, natural de Santos/SP. Ele contraiu câncer no rim após trabalhar por quase 24 anos na empresa Dow Química, em Guarujá, lidando diariamente com a presença de produtos como o bisfenol A e o xileno.

Após ser demitido em 2019 e realizar uma bateria de exames demissionais, foi constatado o câncer no rim, ainda no início. Assim que descobriu a doença estava certo de que as mais de duas décadas lidando com essas substâncias na empresa haviam contribuído para o aparecimento da doença, em especial pelo reconhecido risco cancerígeno do bisfenol A (que é proibido em mamadeiras e outros produtos plásticos alimentícios), além de ter sofrido um acidente de trabalho em 2005.

Fábio conta que, ao desobstruir uma linha de bisfenol A, o produto estourou no rosto. Com isso, ele teve uma lesão na córnea que demorou para curar. Foi uma exposição direta e agressiva desse produto dentro do organismo.

“Acontece que, quando você está trabalhando, se dedicando, sempre na linha de frente, ganhando bem, conseguindo as coisas para a família, você acha que nunca vai acontecer nada com você, por mais que tenha consciência de que os produtos que está manuseando são perigosos”, conta o engenheiro químico.

Ele buscou o escritório Furno Petraglia e Pérez juntamente com o advogado do trabalho, José Chiarella, para ajuizar ação na Justiça do Trabalho o reconhecimento de que o câncer foi um acidente de trabalho  e, consequentemente, buscar uma indenização para o tratamento da doença. Hoje, por restrição médica,  está impossibilitado de trabalhar com materiais químicos.

“Após o transcurso da ação e a realização de perícias médicas na fábrica da Dow Química (atual Blue Cube), a justiça reconheceu que o câncer foi decorrente da exposição aos produtos químicos e condenou a empresa ao pagamento de uma indenização por danos morais, além do pagamento dos salários que ele receberia em sua função durante sua vida laborativa (até os 75 anos). Porém, a decisão ainda cabe recurso”, explica o advogado Leandro Furno Petraglia.

Sua saúde hoje não é das melhores. Seu psicológico está abalado por precisar aprender a conviver com a angústia da bateria de exames a cada seis meses para verificar se a doença ainda está controlada. O engenheiro passou por uma cirurgia bem sucedida há dois anos, mas por ao menos cinco anos deve fazer um acompanhamento para ver se a doença segue controlada.

“Eu espero que esse meu caso sirva de exemplo para que a empresa tenha a sensibilidade de investir em melhorias e equipamentos de proteção para controlar esse problema. A perícia ambiental constatou que a condição da empresa ainda é a mesma desde quando saí, com os trabalhadores expostos aos produtos. Tomara que ninguém mais passe pelo que passei e ainda estou passando”, afirma Fábio.

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